terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ameaça Sísmica em Portugal

As comunicações de emergência são necessárias nestas circunstâncias de catástrofes, sendo que os sismos são a grande ameaça. O adiamento da instalação de um Centro de coordenação e comunicações da Proteção Civil (planeado há muitos anos para Viseu, reparem que fica entre falhas sísmicas o que é estratégico para a nossa sobrevivência como estrutura económica e política), configura este falacioso adiamento um deliberado acto que pode ser fatal em caso de abalo sísmico!
Não é aceitável que as "negociatas" e as "influências" toldem o racíocinio de quem politicamente tem o dever de decidir esta questão da máxima importância, bem como a reformulação do modelo de Proteção Civil para uma estrutura eficiente que integre forças militares, de segurança e de socorro, bem como outros agentes da sociedade, de uma forma disciplinada, organizada e como disse antes: EFICIENTE.
A maioria dos cientistas calcula que a nossa área de maior actividade sísmica fica a sudoeste do cabo de São Vicente, na região do Banco do Gorringe. Foram lá que se situaram os epicentros dos maiores sismos do País, entre eles os de 60-63aC, 1033, 1356 e 1755. O banco do Gorringe é um fragmento de crosta do oceano, que resta desde o período do Cretácico Inferior. Surgiu de planícies no fundo do mar a mais de 5 000 m de profundidade. Esta falha regista deslocamentos verticais, conhecido como mecanismo de subducção entre duas placas tectónicas (as placas em cima das quais se move a crosta terrestre) da placa africana pela placa euro-asiática.




Eu tinha 6 anos de idade quando fui trazido para a rua em Lisboa ao colo do meu pai no último grande sismo que provocou danos no território português em 28 de Fevereiro de 1969, com epicentro nesta zona do banco de Goringe e magnitude entre 6,5 e 7,5. Recordo-me do terror que assolou as pessoas na rua em pijamas e robes, um sentimento generalizado de pânico que impede a clareza de raciocínio e que tolda a razão de quase todos. Viver um terramoto é uma experiência dramática, os que lhe sobrevivem ficam a conhecer a força imparável da Natureza e a nossa pequenez perante este fenómeno.
O epicentro do sismo de 1755 (o mais destruidor que afectou território nacional, e considerado com um dos mais energéticos a nível mundial, com magnitude estimada em 8,75) terá tido também o seu epicentro no Banco do Gorringe.
Há contudo cientistas e estudos recentes que, com base no tsunami que destruiu Lisboa, falam na possibilidade de se ter registado um movimento múltiplo nas falhas tectónicas: Goringe e placa do vale do Tejo.


Reparem nas falhas sísmicas em Portugal e de como está dramáticamente errada a nossa distribuição populacional, económica e política! Básicamente temos os nossos grandes centros demográficos nas falhas sísmicas principais, desde 1755 que nada aprendemos?


Os pequenos abalos sísmicos são segundo as regras da sismologia, um bom sinal: fazem uma significativa libertação de energia acumulada com a movimentação das placas, o que reduz as hipóteses de acontecer um grande sismo nos próximos tempos. Mas os sismos são impossíveis de prever.



Este diagrama demonstra a nível planetário as zonas sísmicas mais intensas, Portugal e os Açores estão em cima de zonas intensas - era bom acautelarmos mais os efeitos destes fenómenos.

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